01/11/2017 - Publicações

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De acordo com estastísticas americanas o câncer de próstata está entre as neoplasias mais comuns entre os homens no mundo, com uma estimativa de 1.600.000 novos casos e 360.000 mortes por ano. No Brasil, no ano de 2016 a incidência estimada foi de 61.200 casos, o que corresponde a 61, 82 casos novos a cada 100 mil homens.

            A próstata é a glândula responsável pelo produção de um fluido que compõe o sêmen nos homens. Esta gândula se encontra abaixo da bexiga e na frente do reto. O câncer de próstata acontece quando existe um crescimento anormal e desordenado das células prostáticas e sua proliferação para os demais orgãos pode se dar pela corrente sanguínea ou linfática.

            O câncer de próstata pode ser considerado uma doença da terceira idade, visto que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida.

            Em estágios iniciais, a maioria dos homens com neoplasia de próstata não apresentam sintomas. O aumento da frequência urinária diurna e noturna, a hesitação em iniciar o jato urinário, sangue na urina e até dores ósseas podem ser alguns dos sintomas apresentados quando a doença se encontra em estágios mais avançados. Quanto mais precoce o tumor de próstata é diagnosticado, maiores as chances de cura. O tratamento também é dependente do estágio da doença, passando por terapia hormonal, radioterapia, cirurgia para retirada da próstata ou quimioterapia para conforto e alívio sintomático.

            O PSA (antígeno prostático específico), que pode ser dosado na corrente sanguínea, aliado ou não ao toque retal, em pacientes acima dos 50 anos são as principais ferramentas para rastreamento e diagnóstico precoce. No entanto, na comunidade científica o tema é bastante controverso. Estudiosos do assunto preconizam que estes testes aplicados a uma população geral, sem fatores de risco estabelecidos, não tenham impacto em mortalidade, além de aumentarem o número de exames e procedimentos realizados desnecessariamente. Em contrapartida, campanhas de conscientização em prol da saúde do homem tem crescido e ganhado apoio de vários segmentos da sociedade.

            No exterior é muito popular a campanha Movember (Moustache + November em inglês. Bigode e Novembro). A idéia surgiu na Austrália, em meados dos anos 2000, quando um grupo de homens deixou o bigode crescer durante todo o mês com o intuito de chamar a atenção para temas como a saúde masculina e dessa forma também arrecadar fundos para instituições de caridade. A iniciativa ganhou força e com o passar dos anos se difundiu ao restante do mundo. No Brasil a campanha Novembro azul já faz parte do calendário nacional de prevenção.  O objetivo da campanha é promover uma mudança de paradigma em relação à ida do homem ao médico para realizar exame preventivo de câncer de próstata. As ações da campanha, já atingem vários estados e contemplam a iluminação de pontos turísticos e monumentos, palestras informativas para leigos e intervenções em locais de grande circulação.

     Para diagnosticar precocemente os casos de câncer de próstata é preciso romper com o preconceito que atrapalha a prevenção e incutir nos homens a importância da conscientização e informação sobre o tema. É fundamental que os homens estejam atentos a sua saúde e sinais do organismo para observarem qualquer alteração e sintomas, e não hesitarem em procurar um médico para esclarecer dúvidas e realizar o exame anual de prevenção.

Dra. Bruna Castilhos Laghetto

Oncologista clínica do Centro Regional de Hematologia e Oncologia (CRHO) 

de Vacaria, Gramado e do Instituto DEVITA de Caxias do Sul.